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CANNABIS E PARKINSON: O QUE A CIÊNCIA JÁ SABE SOBRE ESSA RELAÇÃO

Embora ainda limitadas, o neurologista Dr. Luis Otavio Caboclo considera que as evidências científicas abrem uma possibilidade real de utilizar a Cannabis medicinal para ampliar o cuidado e melhorar a qualidade de vida de pacientes com a doença

A Doença de Parkinson é uma das condições neurodegenerativas mais comuns no mundo, afetando cerca de 10 milhões de pessoas globalmente, segundo estimativas da Organização Mundial da Saúde (OMS). De caráter progressivo e ainda sem cura, a doença impacta diretamente a qualidade de vida dos pacientes, com sintomas como tremores, rigidez muscular, lentidão dos movimentos e, em estágios mais avançados, alterações no equilíbrio, cognição e comportamento emocional.

Apesar da evolução no tratamento dos sintomas, a busca por novas abordagens terapêuticas continua sendo uma prioridade para médicos, cientistas e pacientes. Nesse contexto, a Cannabis medicinal vem ganhando destaque. Mas quais são as evidências científicas sobre o uso da Cannabis na Doença de Parkinson?

O neurologista Dr. Luis Otavio Caboclo, Chief Medical Officer da Endogen – healthtech especializada em nutrição clínica e Cannabis medicinal – e professor assistente de neurologia da Faculdade Israelita Albert Einstein, explica que a Cannabis contém compostos conhecidos como canabinoides, sendo o canabidiol (CBD) e o tetraidrocanabinol (THC) os mais estudados.

“Tais substâncias interagem com o sistema endocanabinoide do organismo, responsável por regular funções como controle motor, dor, humor e sono – todas frequentemente afetadas em pacientes com Parkinson”, acrescenta o especialista.

Segundo ele, estudos preliminares indicam que o CBD possui propriedades neuroprotetoras e anti-inflamatórias, que podem ajudar a reduzir a rigidez muscular e melhorar o sono. Já o THC, embora psicoativo, também tem mostrado efeitos positivos na redução de espasmos musculares e dores crônicas. A combinação e a dosagem ideais, no entanto, ainda são objetos de pesquisas.

Limitações – Dr. Caboclo destaca ainda que, embora muitos pacientes relatem melhora significativa com o uso da Cannabis medicinal, as evidências científicas são limitadas, e os efeitos variam de pessoa para pessoa. “Alguns estudos sugerem benefícios como redução da ansiedade e melhora da qualidade de vida, mas ainda precisamos de mais ensaios clínicos controlados para oferecer recomendações seguras e padronizadas”, afirma.

Outro ponto importante são os efeitos colaterais, que incluem sonolência, tontura e alterações cognitivas. “Por isso, o uso da Cannabis medicinal deve sempre ser acompanhado por um profissional de saúde qualificado. Países como Canadá, Estados Unidos e Brasil já permitem seu uso sob prescrição médica, em situações específicas”, informa Caboclo.

Na passagem do Dia Mundial de Conscientização da Doença de Parkinson, celebrado em 11 de abril, a comunidade médica e a Sociedade têm uma oportunidade para ampliar os debates sobre alternativas terapêuticas que possam contribuir para melhorar a qualidade de vida desses indivíduos.

“Enquanto a ciência avança, a esperança se mantém viva para os pacientes com a Doença de Parkinson. A Cannabis medicinal pode não ser a cura para o Parkinson, mas representa um caminho promissor na busca por mais qualidade de vida para os indivíduos que sofrem com essa patologia”, conclui o neurologista.

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